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Foto meramente ilustrativa |
Crônica do Orlando Lisboa de Almeida
Éramos quase de maior e já tínhamos pulado alguns carnavais no Independente. Quando o salário deu para custear, sócio do Pelego (apelido carinhoso do Independente) com carteirinha e tudo. Sócio proprietário com aquele certificado com as três espadas grená cruzadas., Morar na Vila Bocaina, trabalhar de dia e estudar à noite. Nada fora da rotina da maioria do povo da nossa cidade.
O carnaval estava chegando e o amigo Toninho que era meu colega de trabalho e bem mais expansivo e articulado resolve convidar os amigos para passar o carnaval, ao menos uma noite, num lugar diferente. Não sei por que cargas d`água ele conseguiu achar um lugar tão etecetera e tal, pois o baile era em Ouro Fino, não de Minas Gerais, mas um povoado no interior de Ribeirão Pires se a minha geografia não estiver falhando. Estava decidido: Vamos pular uma noite de carnaval em Ouro Fino e pronto!
Tomamos um busão da Viripisa lá na Capitão João, perto da Pigmentos e vamos pra Ribeirão. Lá chegando, descemos e tínhamos que esperar outro ônibus que nos levaria ao bailão. No tempo de espera, em frente a um boteco, meu amigo Toninho, afoito como ele só, resolve que é uma ótima ideia tomar um conhaque lá no bar, como se aquilo fosse a maior das rotinas na vida de um quase de maior. Como ele era decidido, decidimos por “maioria” que iríamos virar um conhaque cada um com o argumento dele que assim a gente já chegaria mais animado no Carnaval.
Entramos no bar e o Toninho, senhor de si como ninguém, faz uma pose e pede um conhaque para cada um. O garçom coloca os conhaques e o primeiro a tentar triscar o conhaque foi o Toninho. Tentar. É que ele colocou o cotovelo no balcão para fazer uma pose e como um raio, soltou a costa da mão no conhaque que foi parar com copo e tudo lá no meio da rua. Nós ficamos de boca aberta sem entender nada. E ainda por cima, o garçom veio e pediu desculpas ao Toninho. Pediu desculpas e explicou: Moço, eu esqueci de avisar você que este balcão de inox está dando choque. Com ou sem conhaque, a turminha chegou bem ligada no Baile que foi até bem animado. Como se dizia na época: Um verdadeiro “programa de índio”.
Nos outros dias, baile no Independente, com direito a encontrar a galera toda por lá, curtir as marchinhas ao som das orquestras com muito instrumento de sopro e salão lotado.
Dá saudade.
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