Mauá nos Anos 1920: Entre a Roça, o Trem e o Começo da Indústria
No final da década, a presença de pequenas fábricas começava a mudar a paisagem de Pilar. Galpões surgiam ao lado das áreas agrícolas, casas operárias se multiplicavam e o trem já trazia não só madeira, mas também matéria-prima industrial e novos moradores vindos de outras regiões.

Na década de 1920, o que hoje conhecemos como cidade de Mauá ainda atendia pelo nome de Pilar, um distrito ligado a São Bernardo. Era uma terra de trilhos, lenha e promessas — onde se mesclavam a simplicidade da vida rural e os primeiros sinais da modernização industrial.
O Pilar do trem e da lenha
O ponto de encontro era a Estação Pilar, inaugurada em 1883 pela São Paulo Railway. Nos anos 20, ela ainda era o grande motor da região, servindo de rota para o escoamento da produção agrícola e da lenha, principal fonte de energia da época. Famílias inteiras viviam do corte, transporte e comércio de madeira, embalada em “mucutas” — feixes amarrados de cipó que seguiam para abastecer os fogões de São Paulo.
Imigrantes e o começo das fábricas
Os imigrantes italianos e portugueses que chegaram nas primeiras décadas do século XX começavam a plantar as sementes da industrialização. Alguns fundaram pequenas olarias e cerâmicas — como a Fábrica Grande, considerada a primeira de louça em Mauá — e outros se dedicaram ao comércio e aos serviços.
Famílias como Morelli, Viola, Perrella e Norsa foram fundamentais nesse processo, ocupando cargos de liderança ou trabalhando nas obras públicas e privadas que formavam o esqueleto da futura cidade.
Um cotidiano rural e religioso
A vida em Pilar era marcada pela vida comunitária simples e religiosa. Os moradores participavam de festas, novenas, romarias e reuniões nas casas, já que os recursos públicos eram escassos. O comércio se limitava a armazéns e vendas, muitas vezes ligados às próprias famílias operárias.
As crianças estudavam em escolinhas improvisadas, enquanto os adultos se dividiam entre o campo, a olaria e os trilhos da ferrovia. Não havia ruas calçadas, iluminação elétrica regular ou saneamento — mas havia um sentido forte de pertencimento.
O começo da mudança
No final da década, a presença de pequenas fábricas começava a mudar a paisagem de Pilar. Galpões surgiam ao lado das áreas agrícolas, casas operárias se multiplicavam e o trem já trazia não só madeira, mas também matéria-prima industrial e novos moradores vindos de outras regiões.
A década de 1920, portanto, foi o divisor de águas entre a Mauá rural e a Mauá fabril — entre o barro e o concreto, entre o passado de fazenda e o futuro de cidade operária.
Referência bibliográfica:
MEDICI, Ademir. De Pilar a Mauá. Prefeitura do Município de Mauá: Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, 1986. Apoio: Fundo de Assistência à Cultura – FAC. Documento consultado em formato PDF.
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