O contexto nacional e a emancipação política: a primeira eleição municipal

O ano de 1945 marca um ponto de virada na história política do Brasil e do mundo. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota do nazi-fascismo na Europa, o país assiste à queda da ditadura do Estado Novo, abrindo caminho para um processo de redemocratização após anos de autoritarismo.

Nesse novo cenário político, voltam as eleições diretas para presidente, e, pela primeira vez, o Partido Comunista do Brasil (PCB) passa a atuar legalmente no processo eleitoral. No entanto, essa abertura democrática logo revela seus limites. O presidente eleito, Eurico Gaspar Dutra, general e figura central do regime anterior, adota medidas repressivas: fecha centrais sindicais, reprime greves operárias e, em 1947, cassa o registro político do PCB, interrompendo novamente a participação institucional da esquerda.

Em 1950, Getúlio Vargas retorna ao poder pelo voto popular, consolidando uma política fortemente voltada aos trabalhadores e reforçando práticas que mais tarde ficariam conhecidas como populismo. Esse modelo político ganha força especialmente no estado de São Paulo e na região do ABC Paulista, onde surgem lideranças que marcariam profundamente a vida política local.

Entre elas, destaca-se Ademar de Barros, ex-interventor federal, eleito governador de São Paulo em 1947, com apoio do PCB ainda legalizado. O chamado ademarismo teria grande influência no ABC e também em Mauá, onde diversos líderes do movimento autonomista integraram o Partido Social Progressista (PSP), legenda comandada por Ademar.

Paralelamente, emerge outra figura central do populismo paulista: Jânio Quadros, eleito prefeito da cidade de São Paulo em 1952 e governador do estado em 1954. O janismo passa a disputar espaço político com o ademarismo, inclusive nas cidades industriais do ABC, refletindo tensões e transformações de um Brasil em acelerado processo de urbanização e industrialização.

O pós-guerra também impulsiona avanços tecnológicos e mudanças culturais. Em 1950, é inaugurada em São Paulo a TV Tupi, primeira emissora de televisão regular da América Latina, pelo empresário Assis Chateaubriand. Apesar do impacto simbólico da televisão, ela ainda era um artigo de luxo. O rádio, por sua vez, vivia seu auge, consolidando os anos 1950 como sua era de ouro, desempenhando papel central na formação da opinião pública e na difusão da política e da cultura popular.

Esse período revela como política, comunicação e sociedade se entrelaçaram de forma decisiva, influenciando diretamente os rumos do Brasil e da história de cidades como Mauá.

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