A Vocação Industrial de Mauá (1923 a 1944)

Entre as décadas de 1920 e 1940, Mauá deixou de ser um vilarejo essencialmente agrícola e deu seus primeiros passos decisivos rumo à industrialização. O período compreendido entre 1923 e 1944 marca a consolidação de uma vocação industrial natural, alavancada por fatores como a proximidade da ferrovia, a qualidade do solo para produção cerâmica, a chegada de imigrantes e a necessidade crescente de urbanização da região.

A chegada das indústrias

Durante esses anos, empresas como a Fábrica Grande, a Cerâmica Cerqueira Leite, o Curtume Mauá e outras pequenas indústrias de porcelana e artefatos cerâmicos começaram a se multiplicar em Pilar — como era então chamado o distrito.

A Fábrica Grande, por exemplo, fundada oficialmente por volta de 1914, ganhou força nas décadas seguintes, produzindo utensílios de barro e louça para todo o país. Já o Curtume Mauá, fundado em 1938, trazia inovação ao utilizar resíduos orgânicos e cascas vegetais no processo de curtimento de couro, empregando dezenas de trabalhadores.

O papel dos imigrantes

Boa parte dos empreendedores e operários desse ciclo inicial de industrialização era formada por imigrantes italianos e portugueses, muitos dos quais já traziam experiência na produção artesanal ou semi-industrial da Europa. Eles foram os responsáveis por instalar as primeiras olarias, fundar pequenas fábricas e transformar conhecimentos tradicionais em empreendimentos locais.

Infraestrutura e transporte

A linha férrea da São Paulo Railway (depois Estrada de Ferro Santos-Jundiaí), já presente desde o final do século XIX, foi crucial para o escoamento da produção e para a chegada de matérias-primas e equipamentos. A facilidade de transporte atraiu investimentos e tornou Pilar um ponto estratégico para quem desejava produzir e distribuir mercadorias no ABC e na capital paulista.

De vila operária a cidade emergente

Ao longo dos anos 1930 e início dos 1940, a paisagem de Pilar começou a se modificar com o surgimento de galpões industriais, vilas operárias e novos bairros que surgiam ao redor das fábricas. O ambiente de trabalho ainda era precário em muitos casos, mas já se destacava por gerar emprego e integrar os moradores em uma nova realidade urbana.

Apesar de ainda não emancipado (o que só ocorreria oficialmente em 1953), Mauá já se mostrava, nesse período, uma cidade com alma operária, dinâmica e voltada para a produção.

Referência bibliográfica:

MEDICI, Ademir. De Pilar a Mauá. Prefeitura do Município de Mauá: Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, 1986.