Dos trilhos à emancipação: o nascimento do ABC Industrial
Fatores como impostos mais baixos e a proximidade da Estrada de Ferro Santos–Jundiaí (EFSJ) foram determinantes para esse movimento. A ferrovia facilitava o escoamento da produção e integrava a região aos principais centros econômicos do estado, impulsionando o desenvolvimento industrial do que hoje conhecemos como ABC Paulista.
A industrialização avançava rapidamente no Brasil ao longo das primeiras décadas do século XX, mas foi no estado de São Paulo que esse processo ganhou contornos decisivos. O crescimento acelerado da capital paulista ultrapassou seus limites geográficos e passou a alcançar subúrbios e municípios vizinhos, que se tornaram cada vez mais atrativos para a instalação de indústrias.
Fatores como impostos mais baixos e a proximidade da Estrada de Ferro Santos–Jundiaí (EFSJ) foram determinantes para esse movimento. A ferrovia facilitava o escoamento da produção e integrava a região aos principais centros econômicos do estado, impulsionando o desenvolvimento industrial do que hoje conhecemos como ABC Paulista.
Em 1937, o então município de São Bernardo — que abrangia toda a área do atual ABC — era composto por cinco distritos: Santo André (antigo Bairro da Estação), São Caetano, Mauá (antigo Pilar), Ribeirão Pires e Paranapiacaba (antiga Alto da Serra), além da sede, São Bernardo, então chamada de “Vila”. A população total girava em torno de 60 mil habitantes.
Mesmo nesse período inicial, Mauá já apresentava forte vocação industrial, com empresas como Manetti Pedotti e Cia. Ltda., especializada em louças, e Gomes Chiarotti e Cia., do setor cerâmico. Em 1937, instala-se a Porcelana Mauá, e, no ano seguinte, o Curtume Mauá inicia suas atividades, reforçando o perfil produtivo da região.
Entre 1938 e 1939, uma mudança simbólica e administrativa marca a história regional: devido ao maior crescimento econômico do antigo Bairro da Estação, a sede do município é transferida para lá, e o nome da cidade passa de São Bernardo para Santo André. Esse deslocamento evidencia as transformações provocadas pela industrialização e pela concentração de investimentos.
Com o avanço da indústria, a população cresce e, com ela, surgem as reivindicações por melhorias urbanas. Em pouco tempo, essas demandas evoluem para movimentos de emancipação política. O primeiro município a se emancipar foi a antiga sede, que passa a se chamar São Bernardo do Campo, em 1944, ainda durante o Estado Novo. Por se tratar de um período autoritário, a emancipação ocorreu sem consulta popular.
A redemocratização do país traz novos rumos. Com a promulgação da Constituição de 1946 e das Constituições estaduais em 1947, entra em vigor a Lei Orgânica dos Municípios, que regulamenta a emancipação de territórios com mais de 4 mil habitantes. Esse novo cenário político fortalece os movimentos autonomistas na região.
É nesse contexto que se intensifica a campanha de emancipação de São Caetano, então subdistrito de Santo André. O movimento, iniciado em 1938, alcança sua vitória em 1948, apesar das tentativas anteriores da elite andreense de enfraquecer o sentimento autonomista. Com isso, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul passam a formar o chamado “Triângulo do ABC”, denominação que se consolida no início dos anos 1950.
A partir desse período, o ABC vivencia uma diversificação econômica e cultural. Em 1949, é fundada, em São Bernardo do Campo, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, marco da história do cinema brasileiro. Já no final dos anos 1950, a instalação de montadoras automobilísticas, como Volkswagen e DKW, consolida a região como um dos principais polos industriais do país.
Esse conjunto de transformações ajuda a compreender como industrialização, crescimento urbano e disputas políticas moldaram o território, abrindo caminho para a emancipação de municípios e para a formação da identidade histórica do ABC e de Mauá.
A industrialização transformou o ABC e abriu caminho para a emancipação dos municípios. A matéria publicada ontem revela esse processo.
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