Praça 22 de novembro na década de 1950
Além disso, a praça era referência temporal e cultural. Datas importantes, festas cívicas, comemorações de feriados, inaugurações e pronunciamentos políticos ocorriam próximos dela. A década de 50 era uma fase em que Mauá ainda buscava consolidar sua identidade separada de Santo André e os moradores se envolviam emocionalmente nessa construção social. A praça representava esse sentimento coletivo de pertencimento.
A Praça 22 de Novembro na década de 1950 fazia parte de um período de profundas transformações urbanas, sociais e econômicas de Mauá. Naquele tempo, o centro da cidade ainda era marcado por características interioranas, com ruas de terra batida, comércio em formação e uma convivência comunitária muito mais direta, onde praticamente todos se conheciam pelo nome. A praça, localizada na área central, era ponto de encontro, descanso, política de rua, lazer simples e conversas que definiam, aos poucos, o ritmo da cidade que crescia.
Nos anos 50, a industrialização começava a ganhar força, e Mauá passava de uma cidade essencialmente ferroviária e de pequenas atividades comerciais, para um cenário mais promissor economicamente. A Praça 22 de Novembro refletia esse clima de transição. Era ao mesmo tempo um espaço do “antes” — do tempo de calmaria e vida rural — e do “depois”, da modernização que viria com a chegada de novas empresas, serviços, ônibus, automóveis e o aumento populacional acelerado que marcaria as décadas seguintes.
Naquele período, a praça também tinha um papel central na vida religiosa e no fortalecimento da identidade da comunidade. Muitas das missas, procissões, coroações e eventos ligados à Igreja Católica passavam pela praça ou se conectavam simbolicamente com ela. O espaço era usado para reuniões políticas, encontros de final de tarde, músicos improvisados tocando violão, famílias inteiras sentadas no banco de madeira buscando sombra, e as crianças correndo, brincando de pega-pega, bolinha de gude, pipa ou simplesmente andando de um lado para outro como parte natural da convivência local.
Fotografias daquele período mostram um cenário urbano simples, porém cheio de significado. Havia uma imponência humilde, típica das pequenas cidades brasileiras dos anos 50: árvores altas, bancos rústicos, postes com lâmpadas modestas, e em volta o comércio que começava a se estruturar — armazéns, farmácias tradicionais, vendas, sapatarias, alfaiatarias, bares de balcão com café passado na hora. Tudo isso fazia da Praça 22 de Novembro um marco central de orientação. Quem vinha de fora ou quem chegava de trem acabava passando ali em algum momento.
Além disso, a praça era referência temporal e cultural. Datas importantes, festas cívicas, comemorações de feriados, inaugurações e pronunciamentos políticos ocorriam próximos dela. A década de 50 era uma fase em que Mauá ainda buscava consolidar sua identidade separada de Santo André e os moradores se envolviam emocionalmente nessa construção social. A praça representava esse sentimento coletivo de pertencimento.
Com o passar dos anos, a expansão urbana, o aumento do trânsito, novas avenidas, obras, comércios maiores e o ritmo acelerado da metrópole foram mudando completamente a paisagem daquele lugar. Mas quem viveu os anos 50 em Mauá ou quem estuda a memória histórica da cidade sabe que a Praça 22 de Novembro foi um dos cenários mais representativos dessa época em que tudo parecia estar nascendo e se estruturando ao mesmo tempo. Ela não era apenas um espaço físico — era um símbolo do início da transformação, um pedaço vivo da história, um ponto de referência afetiva de toda uma geração que viu Mauá se transformar, passo a passo, de uma cidade pequena com alma de interior para parte da grande realidade urbana paulista.
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