Garotos Podres: A trajetória de uma banda icônica do punk nacional
Durante a ditadura militar, as letras precisavam passar pela censura federal. Algumas músicas do primeiro disco foram vetadas ou tiveram seus nomes alterados para burlar a repressão, como "Papai-Noel Filho da Puta", que virou "Papai-Noel Velho Batuta", e "Maldita Polícia", que se transformou em "Maldita Preguiça".

Em 1985, os Garotos Podres entraram em estúdio para gravar uma simples demo-tape, mas o resultado surpreendeu. Das catorze faixas gravadas e mixadas em apenas doze horas num estúdio de oito canais, onze foram aproveitadas no álbum de estreia “Mais Podres do que Nunca”. O disco vendeu 50 mil cópias de forma independente, um feito inédito para a época, e segue em circulação até hoje, ultrapassando as 70 mil unidades vendidas.
Durante a ditadura militar, as letras precisavam passar pela censura federal. Algumas músicas do primeiro disco foram vetadas ou tiveram seus nomes alterados para burlar a repressão, como "Papai-Noel Filho da Puta", que virou "Papai-Noel Velho Batuta", e "Maldita Polícia", que se transformou em "Maldita Preguiça".
A popularidade dos Garotos Podres cresceu, rompendo as barreiras do punk e alcançando públicos diversos. Foram a primeira banda punk brasileira a tocar em rádios convencionais, o que abriu espaço para outros grupos alternativos. Em 1988, lançaram o segundo álbum, “Pior que Antes”, pela gravadora Continental. A faixa "Batman" foi censurada, mas "Subúrbio Operário" teve destaque ao integrar o curta “Rota ABC”, premiado nos festivais de Brasília e Nova York.
Após cinco anos de hiato, lançaram “Canções para Ninar” em 1993. Músicas como "Fernandinho Veadinho" e "Rock de Subúrbio" ganharam destaque, apesar de ameaças de processo por parte de pessoas que se sentiram ofendidas pelas letras. O sucesso ultrapassou fronteiras, e a banda passou a lançar trabalhos também na Europa e nos Estados Unidos, realizando uma turnê com a banda portuguesa Mata-Ratos em 1995.
Em 1997, saiu “Com a Corda Toda”, com destaque para as faixas “O Mundo não Pára de Girar” e “Mancha”, que teve videoclipe estrelado por Pedro de Lara. No ano seguinte, o grupo lançou “Rock de Subúrbio – Live!”, gravado em 1995 em Mauá. Em 2001, foi a vez de “Live in Rio”, gravado em 2000.
A música dos Garotos Podres também serviu de inspiração para o curta “Os Últimos Dias de Papai-Noel” (2003), baseado em “Papai-Noel Filho da Puta” e com trilha composta por outras músicas da banda. Com letras politizadas, irônicas e carregadas de humor negro, a banda sempre gerou reações diversas, desde admiração até tentativas de rotulá-la ou censurá-la.
Os integrantes sempre mantiveram outras ocupações fora da música, o que lhes garantiu liberdade criativa e independência financeira. Em 2002, a importância dos Garotos Podres foi reconhecida na coletânea “Tributo Garotos Podres – 20 anos de Podridão”, com a participação de bandas como Inocentes, Ratos de Porão, Ultraje a Rigor e Devotos, entre outras.
O último trabalho lançado sob o nome original foi “Garotozil de Podrezepam – 100mg”, em 2003, seguido por shows em Portugal e Espanha. Em 2012, divergências políticas e ideológicas causaram a separação da banda. O vocalista Mao e o guitarrista Cacá Saffiotti se afastaram de Sukata e Leandro Ferreira. Mao registrou o nome Garotos Podres no INPI, enquanto a outra parte continuou usando o nome com nova formação até encerrar as atividades em 2014.
Mao fundou, então, a banda O Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos, enquanto a disputa legal sobre o nome seguia. Em 2016, o vocalista retomou o controle da marca e reativou os Garotos Podres. Em 2018, lançaram o compacto digital “Canções de Resistência”, com as faixas “Grândola, Vila Morena” e “Aos Fuzilados da CSN”, disponíveis também em videoclipes.
Atualmente, a formação dos Garotos Podres conta com Mao (vocal), Rinaldi (guitarra), Uel (baixo) e Negralha (bateria). A banda segue como referência no punk brasileiro, mantendo sua postura crítica, seu estilo autêntico e sua contribuição inegável à cena alternativa do país.
Discografia resumida:
Álbuns de estúdio:
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Mais Podres do que Nunca (1985)
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Pior que Antes (1988)
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Canções para Ninar (1993)
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Com a Corda Toda (1997)
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Garotozil de Podrezepam – 100mg (2003)
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Contra os Coxinhas Renegados Inimigos do Povo (2014)
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Canções de Resistência (2018, digital)
Álbuns ao vivo:
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Rock de Subúrbio – Live! (1995)
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Live in Rio (2001)
Participações em coletâneas e tributos:
Incluem “Ataque Sonoro”, “Vozes da Raiva”, “Cult 22”, “Sexta Rock”, entre outras, além do tributo de 20 anos com 23 bandas nacionais e internacionais.
A trajetória dos Garotos Podres é uma verdadeira crônica do underground brasileiro, marcada pela resistência cultural, irreverência e engajamento político.
Pesquisa: https://pt.wikipedia.org/wiki/Garotos_Podres
Fotografia: Norma
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