O shopping que nasceu de couro e história: memórias do terreno do shopping Mauá Plaza
Na vasta área de aproximadamente 94 mil metros quadrados, coexistiram, ao longo do tempo, indústrias de peso nacional, como a química Atlantis e a pioneira Bragussa, conhecida como a primeira fábrica de ouro líquido do Brasil. Mas nenhuma marcou tanto o imaginário local quanto o Curtume Mauá, instalado em 1938.
Antes das vitrines iluminadas, do ar-condicionado e do vai-e-vem de consumidores, havia ali um outro ritmo. Um som diferente, mais áspero, mais manual. Onde hoje está o Mauá Plaza Shopping, pulsou, décadas atrás, o coração de uma das indústrias mais marcantes da cidade. E é justamente nesses contrastes — entre o ontem industrial e o hoje comercial — que encontramos uma história que merece ser lembrada.
Na vasta área de aproximadamente 94 mil metros quadrados, coexistiram, ao longo do tempo, indústrias de peso nacional, como a química Atlantis e a pioneira Bragussa, conhecida como a primeira fábrica de ouro líquido do Brasil. Mas nenhuma marcou tanto o imaginário local quanto o Curtume Mauá, instalado em 1938.
Do cheiro forte ao couro que movia máquinas
O curtume, como o nome sugere, era o lugar onde se transformava pele animal em couro — um processo árduo, químico e exigente. E quem decidiu trazer essa atividade para Mauá foram dois italianos:
Ricardo Albrisi, químico industrial dedicado às fórmulas e substâncias que permitiam o curtimento, e Tomaz Talento, engenheiro comercial responsável pela administração e pelos investimentos, inclusive em terras no Jardim Guapituba.
Por trás deles, uma rede de trabalhadores deu vida ao lugar. Um deles, Walter Verdoliva, que atuou 22 anos no escritório, deixou relatos preciosos sobre o cotidiano da empresa. Segundo ele, cerca de 130 trabalhadores faziam o curtume funcionar, cada um com sua especialidade.
E havia também aqueles que cruzavam as estradas com a carga que alimentava o curtume.
Um dia dentro do Curtume Mauá
Imagine a cena: caminhões chegando carregados de peles vindas do Sul, de cidades paulistas e de Utinga. Eram cerca de 150 peles por dia, descarregadas manualmente e imediatamente levadas ao processo inicial, que envolvia ácido sulfúrico e cal por longas 12 horas.
Para dar conta de tudo, três poços artesianos foram perfurados no terreno. Depois do banho químico, entravam em ação os descarnadores — entre eles Carlos Tonellotti, Vicenzo Colombo, José Nunes e Gerônimo Santana — que, com facas de meia-lua, removiam gordura e carne. Nada era desperdiçado: o que sobrava virava matéria-prima para fábricas de cola.
Com as peles limpas, o couro descansava em tanques com tanino, substância vinda da casca de árvores. Depois de curtido, seguia para a estufa, onde permanecia pendurado por uma semana. O toque final era feito com uma camada de graxa de óleo de baleia, antes de passar por cilindros de aço de 30 toneladas, operados por Manuel Luis Fernandes — um trabalho arriscado e minucioso.
Produtos que moviam cidades
Do Curtume Mauá saíam correias para máquinas, tacos para teares, colarinhos para prensas hidráulicas, solas para sapatos, manchões e diversos outros itens essenciais para as indústrias da época. Era um empreendimento robusto, que colocava Mauá no mapa da produção nacional.
O declínio e o fim de uma era
Com a morte dos fundadores, a empresa entrou em um período de fragilidade. A produção caiu gradualmente, enquanto as dívidas só aumentavam. Em 1964, foi pedida a concordata. Era o fim do Curtume Mauá — mas não de sua história.
Décadas depois, o terreno seria transformado no Mauá Plaza Shopping, inaugurando um novo capítulo urbano. Mas sob o concreto, os corredores e as lojas, permanece silenciosa a memória de homens, máquinas, taninos e batalhas diárias — lembranças que fizeram parte da construção da identidade da cidade.
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