Mauá em 1937: Um retrato do progresso nos trilhos da história

O panorama de Mauá em 1937 revela uma comunidade em plena transformação — do campo para a cidade, do comércio à indústria, da estação ferroviária ao futuro urbano. É nesse cenário que Mauá plantou as sementes de sua identidade: trabalho, progresso e união.

Mauá em 1937: Um retrato do progresso nos trilhos da história

Em 1937, o jornalista e historiador João Netto Caldeira lançou o importante Álbum de São Bernardo, uma obra que documentava o desenvolvimento do então vasto município de São Bernardo, que abrangia São Bernardo, Santo André, São Caetano, Ribeirão Pires e Mauá. Mais do que um registro geográfico, a publicação é um valioso retrato do crescimento industrial e social da região, e Mauá, já se destacava nesse cenário.

O distrito de Mauá, criado oficialmente em 18 de outubro de 1934, teve sua primeira menção no álbum através dos dados do Cartório de Paz de 1935:

  • 175 nascimentos

  • 77 óbitos

  • 32 casamentos

  • 67 escrituras

  • 34 procurações

Na época, Mauá contava com 252 prédios e um sistema de iluminação pública composto por 63 lâmpadas elétricas — números modestos que contrastam com o vigor de sua atividade econômica e potencial industrial.

O papel da ferrovia no crescimento local

Desde sua inauguração em abril de 1883, a estação ferroviária de Mauá teve papel crucial no progresso do distrito. Somente no primeiro semestre de 1936, a estação movimentou:

  • 1.562 passagens emitidas de primeira classe

  • 1.569 passagens recebidas

  • 23.204 passagens emitidas de segunda classe

  • 23.605 passagens recebidas

  • 108 telegramas expedidos

  • 20.040 toneladas de mercadorias despachadas

  • 109 toneladas recebidas

Essa intensa movimentação era reflexo direto da atividade comercial e fabril em ascensão.

Um comércio diversificado

O comércio local em 1937 já era bastante ativo, contando com:

  • 2 bares

  • 8 botequins

  • 11 pedreiras

  • 5 casas de lenha e carvão

  • 6 armazéns de secos e molhados

  • 3 sapatarias

  • 3 barbearias

  • 20 chácaras produtoras de verduras

  • 2 quitandas

  • 2 bombas de gasolina

  • 1 açougue

  • 1 farmácia

  • 1 padaria

  • 1 loja de fazendas

  • 1 unidade de extração de caulim

O nascimento da vocação industrial

Mauá já despontava como um promissor polo industrial. Na época, funcionavam no distrito importantes fábricas e oficinas:

  • Louças: Manetti, Pedotti & Cia; Jorge Figueiredo S.A.; Standacker, Schmidt & Cia

  • Cerâmica: Gomes, Chiarotti & Cia

  • Porcelana: Antonio Garcia Vilela

  • Metalurgia: Konecny, Braga & Cia

  • Bonecas: Henrique Poell & Cia

  • Fogos e dinamites: Stall, Telles & Cia

  • Tintas: Atlantis do Brasil Ltda.

  • Aguardente: Binci Sinzatto

  • Nitrato de potassa: A. Mendes & Cia.

  • Olarias: Valter Schaper, José Camilo Filho, Paulo Lore, Nicola Perrela

Essas indústrias foram a base do desenvolvimento fabril mauaense, verdadeiras pedras angulares do que hoje conhecemos como um dos maiores polos industriais do Brasil.

Educação, esporte e administração

O Grupo Escolar de Mauá tinha como diretor o professor Argemiro Tondella, e contava com as professoras Maria Amélia Évora, Liris Espindola de Castro, Guiomar Rodrigues de Moraes, Mariana Mascagni e Ana Maria Prado Sampaio. Além disso, quatro escolas isoladas atendiam a população, lideradas por Sebastiana Braga, Maria da Conceição Cardoso Franco, Lavínia de Oliveira Gaia e Vladimir Rodrigues de Arruda.

No esporte, a Associação Atlética Industrial era motivo de orgulho para os moradores. Com sede à Avenida Barão de Mauá, 77, já havia conquistado vitórias importantes. Seu primeiro presidente foi Manoel Pedro Júnior. Em 1937, a diretoria era composta por nomes como Egidio Pântano, Alberto Branco da Silva, Armando Amarante, Ângelo Gianoni, João Perrela, Vitorino Thomaz, Alfredo Becheli, Amaro Corrêa e Batista Branco da Silva.

A vida pública do distrito era organizada por cidadãos de destaque:

  • Escrivão do cartório: Arnaldo Dell'Antonia

  • Fiscal municipal: Eloi Genofre

  • Representante na Câmara Municipal de São Bernardo: Antonio Braga, farmacêutico, proprietário do Laboratório Cléo e subdelegado entre 1929 e 1932

  • Responsável pela agência postal: Isabel Savieto

Um legado que ecoa no presente

O panorama de Mauá em 1937 revela uma comunidade em plena transformação — do campo para a cidade, do comércio à indústria, da estação ferroviária ao futuro urbano. É nesse cenário que Mauá plantou as sementes de sua identidade: trabalho, progresso e união.

Fonte: Álbum de São Bernardo, 1937 – João Netto Caldeira

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