Sertãozinho: o polo industrial que esperou pelo tempo
O Parque Industrial de Sertãozinho nasceu com grandes expectativas em 1975, mas a falta de infraestrutura e a recessão frearam seu crescimento. Famílias que acreditavam no futuro industrial, como os Homa, viram seus planos ficarem suspensos no tempo. Hoje, Sertãozinho simboliza resistência, memória e a espera por um desenvolvimento que ainda deseja florescer.
Quando o Parque Industrial de Sertãozinho completou seus primeiros dez anos, em 1985, muito ainda estava por acontecer. Apesar das grandes expectativas, apenas 27 indústrias estavam instaladas, ocupando cerca de 35% da área total. Isso representava 3.500 empregos, número pequeno diante dos 18 mil postos gerados no Parque Industrial de Capuava, ou dos 27 mil trabalhadores distribuídos entre as 137 indústrias de Mauá naquela época.
No início, Sertãozinho parecia um território cheio de promessas. Houve uma verdadeira corrida por terras. Famílias como os Homa, lavradores que chegaram à região em 1938, recusaram diversas propostas de compra, acreditando que a área se tornaria um grande centro industrial. A empresa Coral chegou a desenvolver um loteamento industrial, mas o tempo tratou de silenciar esse projeto.
Em 1975, a Lei Municipal nº 1446 oficializou o Parque Industrial de Sertãozinho. Naquele momento, havia uma grande certeza: suas amplas áreas livres, a proximidade com o Grande ABC e o acesso a corredores viários fariam dali um polo promissor. Acreditava-se que a região logo receberia obras de infraestrutura, como pavimentação e o tão esperado acesso entre Mauá e a Via Anchieta, além da implantação da rede de água.
Mas dos planos, apenas uma obra saiu do papel: a pavimentação da Avenida João XXIII, ligando a Avenida Capitão João à Vila Carlina. Esta melhoria beneficiou parte do parque e o Estádio Municipal, porém não foi suficiente para sustentar o desenvolvimento desejado. A falta de infraestrutura coincidiu com a recessão nacional dos anos seguintes, freando sonhos, projetos e oportunidades.
Sertãozinho ficou em espera.
A família Homa, que antes recusava propostas, hoje ainda cultiva hortaliças na mesma terra onde acreditavam ver fábricas crescer. Agora, desejam vender. Mas não encontram compradores.
A esperança só começou a ressurgir quando as empresas locais se uniram, reivindicando melhorias e cobrando providências do poder público. A Prefeitura, por sua vez, pressionou o Estado. E então, novas notícias surgiram:
as obras seriam finalmente retomadas.
A ligação com a Anchieta sairia do papel.
E Mauá poderia, enfim, desenvolver seu primeiro polo industrial planejado.
Sertãozinho é uma história de expectativa, permanência e resistência.
Um lembrete de que as cidades também respiram, esperam e se reinventam.
Fotografia: Pedro Luiz Junior
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