Taco: A Brincadeira de Rua que Marcou Gerações em Mauá e no Brasil
Resgatar essas histórias é preservar parte da cultura e da identidade de uma época em que a infância era vivida com simplicidade, alegria e segurança. O jogo de taco não era apenas uma brincadeira — era um símbolo de uma era em que as ruas pertenciam às crianças e a liberdade morava na porta de casa.
Houve uma época em que as ruas eram o principal ponto de encontro das crianças. Antes da internet, dos celulares e dos videogames, bastava um espaço livre, dois tacos e uma bolinha para transformar a tarde em diversão. O jogo de taco — também conhecido como betes, tacobol ou bats — foi uma das brincadeiras mais populares entre as décadas de 1970, 1980 e 1990, e marcou profundamente a infância de quem cresceu em cidades como Mauá.
Segundo o site Tempojunto, que relembra brincadeiras tradicionais brasileiras, o taco era muito mais do que um jogo: era uma celebração da convivência, da criatividade e da liberdade. Cada rua tinha suas próprias regras e adaptações, o que tornava cada partida única. A essência, no entanto, era a mesma — duas duplas se enfrentavam, uma lançando a bola e outra tentando rebatê-la com o taco, enquanto protegiam suas “casinhas”, geralmente feitas com tijolos, latas ou garrafas vazias.
A simplicidade era o segredo do sucesso. Os tacos podiam ser feitos com pedaços de cabo de vassoura, e a bola, muitas vezes, era improvisada com meias velhas ou borracha. O importante era jogar. As partidas duravam horas e só terminavam quando o sol se punha ou quando alguma mãe aparecia à porta chamando: “Entra, já está escurecendo!”.
Mais do que uma competição, o taco era um ponto de encontro da comunidade. Vizinhos se reuniam, adultos conversavam nas calçadas e as crianças se misturavam em um ambiente seguro, onde todos se conheciam. As ruas eram extensões das casas, e a noção de perigo era bem diferente da atual. Parar o jogo para deixar um carro passar fazia parte da diversão — e até isso gerava risadas.
A autora do Tempojunto recorda que brincar na rua “era sinônimo de liberdade”, e jogar taco trazia exatamente esse sentimento. Havia o desafio, o improviso e a sensação de conquista a cada rebatida perfeita. Era também um exercício de amizade e cooperação, que unia meninos e meninas de todas as idades.
Em Mauá, como em tantas outras cidades brasileiras, o som da bolinha quicando no asfalto e o eco dos gritos de comemoração faziam parte da paisagem. Cada rua tinha seus campeões, suas disputas lendárias e suas histórias que até hoje vivem na memória de quem brincou.
Hoje, o taco praticamente desapareceu das ruas, substituído pelas telas e pelos espaços fechados. No entanto, sua lembrança permanece viva na memória de uma geração que aprendeu o valor do brincar coletivo e da convivência ao ar livre.
Resgatar essas histórias é preservar parte da cultura e da identidade de uma época em que a infância era vivida com simplicidade, alegria e segurança. O jogo de taco não era apenas uma brincadeira — era um símbolo de uma era em que as ruas pertenciam às crianças e a liberdade morava na porta de casa.
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