Biblioteca Cecília Meireles: Um Patrimônio Cultural de Mauá que Precisa Voltar a Respirar Cultura

A Biblioteca Pública de Mauá, atualmente denominada Biblioteca Cecília Meireles, é um dos mais tradicionais equipamentos culturais da cidade. Desde sua criação na década de 1970, tornou-se referência para leitores, estudantes, professores, artistas e pesquisadores, funcionando como um dos principais espaços de formação cultural do município.

Em 1977, quando completou cinco anos, a Biblioteca já demonstrava sua força regional. Segundo o jornal A Voz de Ribeirão Pires n° 355, de 24 a 30 de março de 1977, as comemorações incluíram o teatro de marionetes “Fantoches e Fantolixos”, de Ana Maria do Amaral, e uma conferência do ex-deputado Euzébio da Rocha, que abordou aspectos sociais e econômicos de Mauá e detalhes pouco conhecidos da vida política do Visconde de Mauá. Na mesma época, a Biblioteca realizava campanha para novos sócios da parte circulante, permitindo que a população levasse livros de ficção, poesia e ensaios para casa — uma iniciativa essencial para democratizar o acesso à leitura.

Mudanças de endereço, mas sempre viva

Ao longo de sua trajetória, a Biblioteca passou por vários endereços: começou em prédio próprio, mudou-se nos anos 1980 para o subsolo da Prefeitura, depois ocupou um imóvel próximo à Casa Lavenia, no Centro, nos anos 1990, e posteriormente esteve instalada no antigo Green Plaza Shopping.

Em todas essas fases, manteve uma agenda cultural ativa, que marcou diferentes gerações. Entre as atividades mais lembradas estão:

• Saraus literários e lançamentos de livros

• Exposições de artes visuais

• Feiras de livros e mostras temáticas

• Encontros de card games, RPG e quadrinhos, reunindo o público geek muito antes da popularização desses eventos

• Pequenas peças teatrais, apresentações musicais e oficinas educativas

• Mostra Internacional de Animação, realizada nos anos 2000, trazendo filmes e produções de diversos países

Além da programação cultural, a Biblioteca sempre funcionou como um importante espaço de convívio social, onde estudantes se reuniam para fazer pesquisas escolares, grupos utilizavam as mesas para estudo coletivo, professores orientavam seus alunos e jovens descobriam seus primeiros contatos com livros, arte e cultura. Para muitos moradores de Mauá, a Biblioteca foi um verdadeiro segundo lar — um lugar seguro, silencioso, acolhedor e cheio de possibilidades.

Um espaço fundamental para a educação e a cultura

As bibliotecas públicas cumprem papel decisivo na democratização do conhecimento. Além de oferecerem livros e materiais de pesquisa, são locais de convivência, diálogo, descoberta e construção comunitária. A Biblioteca Cecília Meireles, por décadas, exerceu essa função com excelência, apoiando estudantes da rede pública e privada, acolhendo artistas e criando vínculos que ultrapassaram gerações.

O presente que preocupa

Atualmente, a Biblioteca enfrenta um período de retração. Localizada em espaço de pouca visibilidade, está sem programação cultural e mantém horários de funcionamento restritos, fechando após as 17h e sem atendimento aos fins de semana — justamente quando grande parte da população poderia frequentá-la.

A ausência de eventos, atividades e horários acessíveis compromete o papel histórico da instituição como ponto de encontro cultural, educativo e social. Um equipamento que já foi símbolo de efervescência artística e intelectual agora se encontra distante do público que ajudou a formar.

Um apelo pela cultura e pela memória de Mauá

A preservação e revitalização da Biblioteca Cecília Meireles são fundamentais para a continuidade da vida cultural do município. Retomar a programação, ampliar os horários, fortalecer o acervo e devolver à população um espaço ativo de convivência e conhecimento são passos essenciais para reconstruir o elo entre a Biblioteca e a comunidade.

Em uma cidade com rica história e forte potencial criativo, manter viva sua principal biblioteca pública é mais do que uma necessidade: é um compromisso com a memória, a educação e o futuro de Mauá.