O Surgimento do Polo Petroquímico de Capuava e a Transformação de Mauá

A localização não foi escolhida ao acaso. Capuava estava estrategicamente posicionada entre Santos e São Paulo, garantindo fluxo ágil para importação e distribuição. O petróleo subia a Serra, era processado em Mauá e seguia para abastecer a Capital. Nos primeiros anos, não era incomum trabalhadores encontrarem cobras entre os equipamentos — a região ainda era praticamente um “sertão industrial”.

O Surgimento do Polo Petroquímico de Capuava e a Transformação de Mauá

A década de 1950 marcou um ponto de virada para Mauá. Em meio ao seu processo de emancipação política, uma obra de grande impacto começava a ganhar forma: a Refinaria de Capuava, então chamada Refinaria e Exploração de Petróleo União S/A, que entrou em operação em 1954. Ela nasceu praticamente isolada, cercada por áreas verdes e distante dos centros urbanos — um cenário difícil de imaginar quando olhamos para a região hoje.

Desde o início, a refinaria atraiu trabalhadores, oportunidades e uma movimentação inédita na cidade. Foram cerca de 700 empregos diretos logo na sua inauguração. As estruturas para construir o complexo chegaram pelos trilhos, e o transporte ferroviário se tornou parte fundamental da rotina da empresa — tanto para o escoamento dos primeiros produtos quanto para levar e trazer funcionários.

A localização não foi escolhida ao acaso. Capuava estava estrategicamente posicionada entre Santos e São Paulo, garantindo fluxo ágil para importação e distribuição. O petróleo subia a Serra, era processado em Mauá e seguia para abastecer a Capital. Nos primeiros anos, não era incomum trabalhadores encontrarem cobras entre os equipamentos — a região ainda era praticamente um “sertão industrial”.

Com o tempo, novas empresas começaram a se estabelecer ao redor da refinaria. Algumas delas forneciam insumos, outras eram diretamente dependentes de seus produtos. Foi assim que, a partir de 1968, se consolidou o Polo Petroquímico de Capuava, um dos mais importantes do país, envolvendo grandes indústrias como Petroquímica União, Poliolefinas, Oxiteno e Polibrasil.

Apesar de boa parte dessas instalações estarem em território mauaense, a proximidade com Santo André gerou disputas fiscais que se arrastaram por décadas. Ainda assim, o impacto econômico e urbano em Mauá foi profundo: bairros cresceram, estradas surgiram, zonas industriais foram definidas — nem sempre de forma planejada — e a cidade passou a receber um fluxo constante de mão de obra, comércio e desenvolvimento.

Mas esse crescimento trouxe também desafios. A expansão desordenada e a proximidade entre indústrias e áreas residenciais deram origem a debates sobre poluição e planejamento urbano. A criação da Comissão Intermunicipal de Controle da Poluição da Água e do Ar (Cipcpa), pioneira no Brasil, marcou o início das preocupações ambientais na região.

Enquanto Capuava se consolidava como grande polo, outro projeto industrial se desenvolvia mais lentamente: o Parque Industrial de Sertãozinho, criado em 1975. Apesar de seu potencial e localização favorável, a falta inicial de infraestrutura e a crise econômica nacional retardaram seu crescimento. Hoje, porém, ele representa uma área ainda cheia de possibilidades para o desenvolvimento industrial planejado de Mauá.

A história do Polo Petroquímico é, portanto, também a história da transformação de Mauá: de uma cidade de características rurais para um dos centros industriais mais importantes do ABC Paulista.

É uma memória que merece ser preservada — e contada.

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