A Política em Mauá: Uma História de Disputas e Transformações
A mobilização pela autonomia de Mauá ganhou força no início da década de 1950, impulsionada pela atuação da Sociedade Amigos de Mauá e pelo seu jornal, que ecoava os anseios da população. Esse movimento culminou na criação da “Comissão Pró-Emancipação de Mauá”, em outubro de 1951, marcando um passo decisivo rumo à independência administrativa do então distrito.

A trajetória política de Mauá é marcada por intensas disputas ideológicas e profundas transformações ao longo das décadas. Desde os seus primeiros passos no cenário político, a cidade mostrou uma forte tendência à participação popular e à representatividade de correntes de esquerda.
Já na década de 1940, os moradores de Mauá se destacaram ao eleger Ennio Brancalion, do Partido Comunista Brasileiro, para a Câmara de Vereadores de Santo André. Essa mesma base também foi responsável por um feito histórico: a eleição de Armando Mazzo como o primeiro prefeito comunista do Brasil. Com uma população majoritariamente operária e humilde, Mauá optou, em sua primeira eleição para prefeito em 1954, por não apoiar o líder do movimento de emancipação, Egmont Fink, e preferiu novamente Ennio Brancalion, agora pelo Partido Trabalhista Brasileiro, ao lado de Élio Bernardi como vice-prefeito.
Durante o período da Ditadura Militar, o cenário político local foi dominado pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido que apoiava o regime. Essa hegemonia foi quebrada em 1972 com a eleição de Amaury Fioravanti, pelo MDB, inaugurando um período de polarização que marcaria os anos seguintes. A política mauaense passou a se dividir entre dois grandes grupos: o liderado por Leonel Damo, que incluía figuras como José Carlos Grecco, e o grupo de Amaury Fioravanti. Essa rivalidade moldou as décadas de 1970 e 1980, com disputas acirradas tanto no Executivo quanto no Legislativo.
Com a redemocratização, o Partido dos Trabalhadores (PT) passou a ocupar um espaço significativo na política local, rivalizando diretamente com o grupo de Leonel Damo. Nomes como Oswaldo Dias, que governou a cidade por 12 anos, e Donisete Braga, eleito em 2012, foram protagonistas dessa nova fase. Do outro lado, Leonel Damo se consolidou como o principal nome do campo conservador, preparando sua filha, Vanessa Damo, para dar continuidade à sua trajetória política. A aliança entre os Damo e antigos opositores, como o próprio Fioravanti, reforçou a força desse grupo frente ao crescimento do PT.
A disputa entre essas duas forças dificultou a consolidação de uma terceira via. Embora candidatos independentes tenham obtido votações expressivas em algumas eleições — como Paulo Bio em 1996, Cincinato Freire em 2000, Chiquinho do Zaíra e Atila Jacomussi em 2004, e Diniz Lopes em 2008 — nenhum conseguiu romper definitivamente a polarização.
Mauá também enfrentou momentos conturbados em sua política. Em 1965, o então prefeito Edgard Grecco foi alvo de um processo de impeachment. Já em 2004, um imbróglio jurídico marcou a sucessão municipal. O candidato favorito, Márcio Chaves Pires, teve sua candidatura cassada às vésperas do segundo turno, o que levou à posse interina do presidente da Câmara, Diniz Lopes. Após uma longa disputa judicial, o Supremo Tribunal Federal confirmou a cassação e a juíza eleitoral declarou a eleição de Leonel Damo sem a realização do segundo turno.
No cenário estadual e federal, Mauá também teve representantes de peso. José Carlos Grecco foi deputado constituinte em 1988; Wagner Rubinelli assumiu em 2002; Hélcio Silva, vice de Donisete Braga, assumiu como deputado federal em 2013. Na Assembleia Legislativa, nomes como Leonel Damo, Clóvis Volpi, Donisete Braga e Vanessa Damo marcaram presença, com mandatos que atravessaram diferentes períodos e partidos.
Nos anos mais recentes, o PT voltou a conquistar a prefeitura em 2020, com a vitória apertada de Marcelo Oliveira. Em 2024, o mesmo prefeito conseguiu um feito inédito em 24 anos: foi reeleito com ampla vantagem, garantindo mais quatro anos de governo à frente da administração municipal.
A história política de Mauá revela uma cidade dinâmica, engajada e com uma população atenta às transformações sociais e econômicas. Um município jovem, mas com uma trajetória marcada por disputas intensas, alternância de poder e constante participação popular.
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