A Louça que Cruzou o Mundo: A História da Porcelana Real de Mauá
No dia 23 de setembro de 1943, nascia em Mauá uma marca que ganharia o mundo: a Porcelana Real. Criada por um grupo de italianos e pelo engenheiro ceramista Fritz Erwin Schmidt, a fábrica começou pequena, com capital modesto e sonhos enormes. Fritz havia estudado cerâmica na Alemanha e trouxe para o Brasil um domínio técnico raro, capaz de transformar argila em peças delicadas, brilhantes e resistentes — peças que carregavam história, cuidado e arte.
No dia 23 de setembro de 1943, nascia em Mauá uma marca que ganharia o mundo: a Porcelana Real. Criada por um grupo de italianos e pelo engenheiro ceramista Fritz Erwin Schmidt, a fábrica começou pequena, com capital modesto e sonhos enormes. Fritz havia estudado cerâmica na Alemanha e trouxe para o Brasil um domínio técnico raro, capaz de transformar argila em peças delicadas, brilhantes e resistentes — peças que carregavam história, cuidado e arte.
Mas Mauá, naquela época, ainda estava construindo sua identidade industrial. E foi justamente nessa fase que a Porcelana Real cresceu. A demanda aumentava, o país se desenvolvia, e a empresa se transformou em sociedade anônima em 1948, fortalecendo sua estrutura e ampliando suas linhas de produção.
Nos anos seguintes, veio a fusão com outra fábrica importante: a Porcelana Schmidt, de Santa Catarina. Juntas, elas tornaram-se sinônimo de porcelana fina no Brasil. Não era apenas louça — era o objeto que ocupava as mesas de almoço de domingo, os casamentos, os presentes de família, as vitrines elegantes das casas da época.
No início da década de 50, caminhões com caixotes marcados “Porcelana Real – Para U.S.A” desciam a Via Anchieta rumo ao Porto de Santos. Mauá, que muitos ainda viam como cidade-dormitório, começava a exportar elegância para as mesas norte-americanas. Era algo histórico: peças produzidas no ABC Paulista, tocadas por mãos brasileiras, viajando para hotéis, restaurantes e casas dos Estados Unidos.
Mas como toda história industrial, vieram desafios. Em 1983, a crise econômica abalou o setor. A Porcelana Schmidt — agora controladora da marca Real — teve que demitir funcionários e reinventar sua linha de produção. Saiam de cena as porcelanas finas exclusivas, dando lugar à cerâmica popular, mais acessível e alinhada ao mercado nacional da época. A empresa sobrevivia, mas não sem deixar rastros de memória espalhados pelas casas, pelos armários antigos, pelos presentes guardados com carinho.
Hoje, encontrar uma peça da Porcelana Real é encontrar um pedaço vivo da história de Mauá. São xícaras, bules, travessas e jogos de jantar que carregam a marca de um tempo em que fábrica era comunidade, e a cidade crescia junto com seus trabalhadores.
Mais que objetos, são lembranças.
E cada peça conta uma história.
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