Curtume Mauá: a história que moldou o solo onde hoje é o Shopping da cidade

No mesmo terreno onde hoje pulsa o Shopping de Mauá, existiu um lugar cheio de histórias e trabalho: o Curtume Mauá. Fundado em 1938 por imigrantes italianos, o curtume ajudou a moldar o desenvolvimento da cidade, movido pela força de famílias que transformavam barro e couro em progresso. Descubra como esse espaço se tornou parte viva da memória de Mauá.

Curtume Mauá: a história que moldou o solo onde hoje é o Shopping da cidade

No final da década de 1930, Mauá vivia um tempo de transformação. Em meio a antigas olarias e terrenos férteis, nasceu o Curtume Mauá — um empreendimento que marcaria a história industrial e afetiva da cidade. Instalado em 1938, no mesmo local onde hoje está o Shopping de Mauá, o curtume trouxe movimento, trabalho e esperança para uma comunidade que começava a se erguer.

Tudo começou num domingo, 21 de junho de 1938. Guerino Loro voltava da missa com sua irmã Angelina quando encontrou dois italianos interessados em comprar terras para erguer uma fábrica. Eram Ricardo Albrisi e Tomaz Talento, imigrantes vindos da Itália, que chegaram à cidade num Chevrolet com a placa 46P — símbolo de uma nova era que se aproximava.

Pouco tempo depois, as obras começaram. Os tijolos usados para levantar o pavilhão foram produzidos pela família Loro, que trabalhava na olaria vizinha. A própria Adélia Santos Loro, esposa de Guerino, ajudava a moldar o barro que se tornaria a base do Curtume. Em setembro daquele mesmo ano, o prédio já estava de pé, e em outubro chegaram as máquinas — vindas do Matarazzo — que dariam início à produção.

A fábrica, sob a liderança de Albrisi e Talento, especializou-se na produção de correias de couro, colarinhos, tacos e artigos industriais, atendendo clientes de São Paulo e de outras regiões. O trabalho era intenso e o cheiro do couro curtido se misturava ao som das máquinas e ao ritmo dos operários que faziam o Curtume Mauá pulsar.

Com o tempo, a empresa tornou-se uma das mais importantes do município, e o local virou referência de progresso. Após o falecimento de Ricardo Albrisi em 1950 e, mais tarde, de Tomaz Talento, suas esposas — Sofia Zapa Albrisi e Maria Juliano Talento — continuaram a conduzir o negócio, mantendo viva a chama da dedicação e da coragem que o fundaram.

Os primeiros couros vinham do Rio Grande do Sul e eram cuidadosamente preparados em Mauá, onde o curtume chegou a processar 50 couros por dia. A produção seguiu ativa até 1966, quando encerrou suas atividades.

Hoje, o terreno que abrigou o Curtume Mauá ganhou uma nova vida: é ali que está o Shopping de Mauá, ponto de encontro e convivência da cidade. Mas sob cada passo dado entre suas lojas e corredores, repousa a memória de um tempo em que o som das máquinas e o cheiro do couro contavam a história de um povo que sonhava — e construía — o futuro.

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